Tropecei num moço ontem
Ele possuía um semblante triste
Caminhava aos tropeços
Arrastava as solas do sapato
Fazia ranger o asfalto
Uma dama passou ao lado dele
Ela andava sobre saltos
Havia poças no caminho
Elas respingavam a cada passo
Um pedaço de jornal soprava
Era levado pelo vento que incomodava
E o outono por ali voltava
Marcado pelas folhas secas
[que insistentes caiam de madrugada
Cheiros eram emitidos de alguma janela
Crianças que passavam fome almejavam morar nela
O frio começava a fazer o moço tremer
E a dama pegava um táxi precisando correr
O moço então continuou com o semblante triste
A dama continuava apressada
As crianças continuavam com fome
E o pedaço de humanidade por esses fatos
[sempre tropeçava
Sem que o mundo se desse conta de que
[ela estava reduzida a pó
E o tempo passava.
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