domingo, 18 de outubro de 2015

17.10.2004

Querido irmão,

Era com pedaços de tijolos que clamávamos o Sol riscando o chão. Se fecharmos os olhos, ainda é possível escutar nossos sorrisos ao percebermos que finalmente a piscina poderia ser montada. Daí espalhávamos água para todo o canto! Brincávamos até depois de nossos dedos ficarem enrugados, se lembra? Exceto se nos oferecessem sorvete - ali a brincadeira parava e a alegria estaria completa pelo resto de nossas vidas... Ao fim do dia, despejávamos nossos corpos na cama com todo o peso de felicidade acumulado em nosso coração - mas nossas almas com certeza estavam leves.
Assim como nós, em algum momento toda a água utilizada seguiu seu curso. Hoje vejo a chuva apagar todos os nossos desejos ora riscados, e a dor de relembrar isso desce-me os olhos feito a tinta de tijolos escorrida pelo chão.
 Certamente não há tijolos que reparem as saudades, mas são capazes de construir memórias que não somem nem mesmo se o Sol deixar de raiar. Nem mesmo se pararmos de clamar. Claro, o sorvete derreteu e alegria não esteve completa pelo resto de nossas vidas, mas é só fechar os olhos para escutarmos nossos sorrisos fluindo novamente...

Com amor,
Lia.

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