Querido irmão,
Era com pedaços de tijolos que clamávamos o Sol riscando o chão. Se fecharmos os olhos, ainda é possível escutar nossos sorrisos ao percebermos que finalmente a piscina poderia ser montada. Daí espalhávamos água para todo o canto! Brincávamos até depois de nossos dedos ficarem enrugados, se lembra? Exceto se nos oferecessem sorvete - ali a brincadeira parava e a alegria estaria completa pelo resto de nossas vidas... Ao fim do dia, despejávamos nossos corpos na cama com todo o peso de felicidade acumulado em nosso coração - mas nossas almas com certeza estavam leves.
Assim como nós, em algum
momento toda a água utilizada seguiu seu curso. Hoje vejo a chuva apagar todos
os nossos desejos ora riscados, e a dor de relembrar isso desce-me os olhos
feito a tinta de tijolos escorrida pelo chão.
Certamente não há tijolos que reparem as
saudades, mas são capazes de construir memórias que não somem nem mesmo se o
Sol deixar de raiar. Nem mesmo se pararmos de clamar. Claro, o sorvete derreteu
e alegria não esteve completa pelo resto de nossas vidas, mas é só fechar os
olhos para escutarmos nossos sorrisos fluindo novamente...
Com amor,
Lia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário