sábado, 8 de setembro de 2012

E eu devia estar estudando para a prova de física ao invés de escrever sobre ela


A gravidade dos problemas que me trouxeste só me faz declinar cada vez mais. Outrora, o alheio classificava-me como um monte jovem, recém-nascido de milhares de anos. Não estava nem um pouco errado, já que quando eu era monte, não me era exercida tanta pressão. A densidade de meus problemas era tão rarefeita quanto o ar, porém, contrariando a física, minha felicidade era densa em demasia.
Foi aí que eu conheci você, mera pressão, para estragar os enlaços perfeitamente codificados de minha vida. Chegou nada sorrateiramente, mas agiu devagar. Aos poucos, de monte virei planície, como se a vida tivesse me ensinado a firmar-me ao chão. Ao nível do mar eu podia abrigar-me ao cheiro de salinização e, reconfortante como ele era, fingir que a felicidade ainda não começara a me escapar. Porém, quanto mais próximo de todo conforto possível, quanto mais camuflada estava minha infelicidade, mais infeliz eu ficava. Eram poucos os momentos em que, com o passar dos dias, finalmente caia em si e percebia. Mas esses momentos lúcidos eram esquecidos com qualquer agrado que as planícies têm a oferecer.
Até que finalmente, me entreguei ao mar dos problemas. Mergulhei tão fundo quanto conseguia, o mais rápido que meu corpo permitia. Dez metros de profundidade e eu já me considerava compenetrada nos problemas, a mestra, a ninja. Eles eram tão constantes que outras situações já não se tornavam tão importantes. E eu os guardava só para mim. Assim, quando mergulhei mais dez metros a fundo, podia sentir a pressão corporal de meu pseudo-egoísmo contra a pressão de meus próprios problemas, sufocando-me, tomando-me, injetando-me com tal eficiência que meu corpo começava a não funcionar. Finalmente, mais dez metros abaixo, eu comecei a perder a consciência. Entreguei-me a todos os problemas, e a física, de bom grado, explicou-me que, 30 metros a fundo daquele mar de problemas, eu não poderia mais suportar a pressão. Fechei os olhos à espera que meu corpo já vazio boiasse para a superfície do mar. Porém a densidade explicou-me que eu, por ser mais densa, teria que descer até o âmbito do inesperado. Disse adeus a todas as explicações, esperando às conclusões de um talvez outro nível de vida, esperançosa por um mar de esperanças.

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