terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Tu, tu, tu.
E você ouve o farfalhar de rabiscos no bloquinho de anotações perto do telefone, que compartilham a impaciência iminente de quem faz a ligação.  Dizem que impulsos também são cobrados, mesmo que as ligações não sejam feitas. É perceptível a vocês que os impulsos de um telefone são chamados assim por lembrarem pulsações? Tum, tum, tum. Isso somente é indagado agora, quando o bloco de anotações já não denuncia a aflição de mais ninguém.
E então há a desistência da ligação como a caneta é solta dos papéis, porém os impulsos continuam ritmados em algum lugar...
E tu, e tu, e tum...
Não é mera semelhança quando esses dois universos são conectados por uma ligação sem fim.
(ou por uma ligação sem começo)
E aquela ligação para com alguém - ou melhor, para com o nada - nunca fora tão ausente ao ponto de ser comparada à chamadas de um telefone. Ela insistia. Insistia. Insistia. E insistia outra vez. E tentava de novo. E de novo. Até que o ponto máximo de insistência fosse encerrada pelo simples botão de over.
A ligação fora quebrada.
A ligação fora cortada.
A ligação fora acabada.
E mesmo assim, ainda hoje é cobrada. 

2 comentários:

  1. Isso me lembrou tanto o novo episódio de glee '-' e eu não sei o que comentar. Só gosto de comentar sobre textos inteligentes falando coisas inteligentes, acho que teria que desligar e tentar de novo mais tarde... Tu. Tu. Tu.

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    1. É... Esse texto é mais uma espécie de desabafo disfarçado. Reza a lenda que ninguém entendeu o que ele realmente significa. O que você entendeu?
      e ah, eu ri do fim do seu comentário ~S;AS~]SA]~S]ÃSA;S

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